sábado, 8 de fevereiro de 2014

A Menina Que Roubava Livros

Ficha Técnica
Título Original: The Book Thief.
Direção: Brian Percival. Roteiro: Markus Zusak, Michael Petroni. Produtores: Karen Rosenfelt, Ken Blancato.
Elenco: Sophie Nélisse, Roger AllamBen Schnetzer, Emily Watson, Geoffrey Rush, Godehard Giese, Gotthard Lange, Hildegard Schroedter, Joachim Paul Assböck, Kirsten Block, Nico Liersch, Rafael Gareisen, Sandra Nedeleff.
Países de Origem: Estados Unidos da América. Estréia Mundial: 2013.

Sinopse
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem garota chamada Liesel Meminger sobrevive fora de Munique através dos livros que ela rouba. Ajudada por seu pai adotivo, ela aprende a ler e partilhar livros com seus vizinhos, incluindo um homem judeu que vive na clandestinidade.

Assistido em: 08 de Fevereiro de 2014.
Avaliação: 05 Estrelas (Medíocre)

Minha Crônica
Eu acabei indo assistir o filme mal tendo passado da metade do livro, era isso ou correr o risco de perder todas as sessões em bons horários, ou pior, perder todas as legendadas. Acima de tudo este filme tem um ponto a favor, eu não tive com ele incomodo (não que seja algo ruim) que tive com o livro. Mas por hora não vou falar disso, isto é só para o momento de comentar o livro.
Eu esperava algo diferente para a nossa “querida” narradora. No livro ela se apresenta de maneira feminina, mas isto pode ser pela tradução para o português, no inglês há o “it”como gênero neutro, no alemão eu ignoro como seja, mas eis como imaginava: uma voz feminina poderosa, entretanto andrógena, como na abertura de O Senhor dos Anéis onde Galadriel apesar de ser uma das personagens narra à introdução como se ela própria não estivesse na estória como outra coisa além de sua narradora. Eu gosto da voz de Roger Allam, mas não acho que tenha sido a melhor escolha, ou combinado com a personagem. Mas eu esperava uma participação maior de sua narração, mas o que encontrei foi apenas uma voz grave que fazia comentários aleatórios em meia dúzia de cenas.
De inicio terem mudado a data inicial da estória, mas depois fez sentido, até que foi um bom recurso para não ter de apresentar todo o contexto na hora de introduzir outros personagens. Economizou tempo e recursos, mas esta economia poderia ter sido mais bem aproveitada, mas preferiram mandá-la descarga abaixo.
Não entendo quando o cinema muda a personalidade de algumas personagens. Hans e Rosa (brilhantemente interpretados) são os mais bem caracterizados. Rudy estava ótimo para um garoto de 10 ou 11 anos (apesar de estranhamente o tempo não parecer afetá-lo), só que não me parece em nada com o Rudy que li, o mesmo também vale para Ilsa. O problema de Liesel é que ela sempre parecia distante e vazia, mas talvez esse problema seja pela mudança de narrativa. No livro temos Liesel na visão e palavras da Morte, aqui temos Liesel por ela mesma, e infelizmente muito se perdeu nisso. Curioso que só na despedida na estação de trem eu reparei que esta menina tem olhos azuis, esse mudança não me fez o menos sentido. Mas o pior foi o judeu, mudaram totalmente sua personalidade ao ponto de torná-lo insuportável. Max deveria ser manso, humilde e assustado, só que o caracterizaram carismático em excesso como se não tivesse consciência de sua condição nas circunstâncias que se faziam presentes no mundo. O resto (deles e dos outros) talvez não valha à pena mencionar.
A cena da fogueira por mais esteticamente bonita que tenha sido, perdeu quase todo seu significado. Cortaram muitas coisas importantes para a narrativa, mas acrescentaram outras que destruíram o momento de revelação de Liesel sobre sua mãe e o Füher, assim como a relação de Hans e seu filho (por sinal descartado no filme), e sua idéia que a principio foi-me um mistério. E por falar em não fazer sentido, como assim o judeu chega à Rua Himmel na noite da fogueira? Logo no aniversário de Hitler com as ruas cheias de militares? Fato rápido, o discurso do prefeito na cerimônia da fogueira me lembrou os discursos públicos e políticos do Silas Malafaia.
Depois de no filme já ter passado a metade do livro que eu já li, fiquei curioso em saber do resto da estória, e se o resto do filme fosse ruim, com certeza eu deverei me alegrar com a segunda metade do livro. E de fato ao se aproximar do fim eu presenciei algumas desgraças. A partida de Rudy poderia ter sido menos clichê e horrorosa, eu espero no livro ler algo melhor. E  como assim os cadáveres estão enfileirados após o bombardeio aéreo e estão intactos? O abraço de Liesel e Ilsa sugeria uma reconciliação, mas o filme descartou a cena do seu rompimento, isso ficou bem estranho, quero descobrir como será no livro. E com o modo usado para a passagem do tempo, conforme o seu fim ia aproximando-se parecia é que estava cada vez mais distante, da sua metade para frente parecia que ele não terminaria nunca, entretanto o discurso de encerramento de nossa narradora/narrador foi lindo.
A fotografia ficou muito bonita, muitas das cenas, cenários e figurinos ficaram muito melhor caracterizados do que eu tinha visualizado durante minha leitura. A trilha sonora não é nada demais, é só mais um John Williams básico daqueles que poucas vezes me interessam. As músicas que foram utilizadas no filme que me interessaram, dentre as oito temos, por exemplo, Brahms e Strauss, por estes eu me interessei, e deles vou atrás.
Apesar de ainda não ter terminado de ler o livro, tenho-o em alta conta, já este filme não, porém ainda vou assisti-lo mais uma vez, será ao terminar o livro. Até aqui o filme me deixou incomodada por ser apenas mais um filme de Segunda Guerra. Mais um filme de um judeu refugiado do holocausto. E neste meio se perdeu o sentido dela roubar livros, perdeu-se aquilo de roubar de volta da vida o que ela roubou-lhe, isso e muito mais do que isso. Mas talvez eu esteja até desmerecendo o filme, ele tem suas qualidades, por isso mesmo eu quero olhar para o filme mais uma vez ao terminar o livro e fazer uma nova avaliação para saber se eu manterei a opinião que tenho neste momento.

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