domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paprika

Ficha Técnica
Título Original: Paprika.
Direção: Satoshi Kon. Roteiro: Michiya Katou, Satoshi Kon, Seishi Minakami, Yasutaka Tsutsui.
Elenco: Akio Ôtsuka, Brian Beacock, Cindy Robinson, Daisuke Sakaguchi, David IV Lodge, Doug Erholtz, Ethan Murray, Hideyuki Tanaka, Katsunosuke Hori, Kôichi Yamadera, Megumi Hayashibara, Michael Forest, Mitsuo Iwata, Paul St. Peter, Rikako Aikawa, Satomi Koorogi, Satoshi Kon, Shinichirô Ôta, Toru Emori, Tôru Furuya, Yasutaka Tsutsui, Yuri Lowenthal.
Países de Origem: Japão. Estreia Mundial: 2006.

Sinopse
Num futuro próximo, o Dr. Tokita (Tôru Furuya) inventa um poderoso aparelho chamado DC-Mini, que torna possível o acesso aos sonhos das pessoas. Sua colega, a Dra. Atsuko Chiba (Megumi Hayashibara), psicoterapeuta e pesquisadora de ponta, desenvolve um tratamento psiquiátrico revolucionário a partir do aparelho. Mas, antes de seu uso ser sancionado pelo governo, o DC-Mini é roubado. Quando vários dos pesquisadores do laboratório começam a enlouquecer e a sonhar em estado de vigília, Atsuko assume seu alter-ego, Paprika, a bela "detetive de sonhos", para mergulhar no mundo do inconsciente e descobrir quem está por trás da tragédia.

Assistido em: 26 de Fevereiro de 2012.
Avaliação: 08 Estrelas (Formidável)

Minha Crônica
Que filme extraordinário. Nunca esperava receber o impacto causado por ele em vários campos da minha interioridade. Valeu muito ter visto antes e revisto depois de terminar a leitura de Jekyll & Hyde, o filme usa muito da obra de Stevenson (ainda que talvez não seja intencional) na construção da identidade e personalidade de suas personagens, mas muito mais do que isso é o que ele representou em mim. Não esperava me deparar com tamanha experiência de autoconhecimento, foram questões de identidade, realidade, autopercepção, mas principalmente autoaceitação e postura diante de rejeição externa, interna, e uma reflexão sobre autoestima. Tudo acabou sendo de uma forma mais pessoal e interior, do que pública e exterior. Paprika foi sem duvida um tempero que estava me faltando.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Bom Jesus e o Infame Cristo

Título Original: The Good Man Jesus And The Scoundrel Christ
Ano de lançamento: 2010
Nº de páginas: 184
ISBN: 9788535917628

Leitura concluída em: 12 de Fevereiro de 2012.
Avaliação: 07 Estrelas (Muito Bom)

Minha crônica: Era uma terça-feira qualquer como muitas outras que já me ocorreram, eu saia de casa no meio da tarde para ir ao médico e após isto rumaria à livraria para tentar finalmente adquirir “Alice no País das Maravilhas”. Aconteceu que ao lado do ponto de ônibus mais próximo da minha casa há uma banca de jornal (por sinal muito ruim), ao passar em frente ela vi bem no cantinho uma pequenina pilha de livros, como isso sempre me deixa curioso fui ver o que tinha. Não havia nada que me interessasse, exceto este. Eu conheci este livro logo que ele foi publicado em 2010, mas como nesta época eu não lia, ele me trouxe apenas interesse momentâneo, muito diferente da hora em que botei minhas mãos nele (por sinal não esperava encontrá-lo numa banca de jornal furreca pela bagatela de R$15,00). No instante em que o segurei atiçou-me o desejo de devora-lo, se eu não tivesse comprado Alice neste mesmo dia teria começado este no mesmo instante que o comprei, mas Alice eu li em apenas um dia, deste modo comecei este logo no dia seguinte imediatamente após terminar o outro.
Assim como Reencontro da Leila Krüger serviu para dar um norte a minha vida desnorteada, O Bom Jesus E O Infame Cristo do Philip Pullman foi o responsável por eu voltar a desejar cultivar uma espiritualidade. O livro em si se apresenta como um comentário das “Sagradas Escrituras”, mas o olho de outro modo, eu vejo um comentário sobre como talvez devesse ter sido interpretado, e como acabaram sendo interpretadas e instrumentalizadas. O autor foi muito perspicaz ao mostrar personagens que ou ouvirem a pregação de Jesus caiam em estado de perplexidade e ausência de sentido total ao que ouviram isto é muito semelhante ao que acontece com a maior parte da massa de crentes dos nossos dias, mas nos nossos dias a maioria desta massa cai nas mãos de charlatães da fé. É fantástica a revelação do anjo à Cristo ao final do livro, é uma mensagem muito pertinente aos nossos dias e muito semelhante ao caminho percorrido pelos pouquíssimos crentes conscientes que existem e que temos a sorte de encontrar às vezes. Eles são um raio de esperança que ilumina um pouco a imagem tão maculada do Cristianismo. Mas a melhor parte do livro foi o 11° capitulo “A Tentação de Jesus no Deserto”, nunca antes eu vi tão extraordinária confrontação entre aquilo que foi pregado por Jesus e a satanização que suas palavras sofreram ao longo da História do Cristianismo.
Fisicamente este livro é muito bom, sua capa muito simples até permite um jogo com o titulo propondo outro. O livro é muito confortável ele é macio e maleável, e não é pesado. A diagramação é boa, e as páginas amarelas são ótimas para aproveitar melhor o tempo de leitura, e o papel não tão fino e frágil faz do livro surpreendentemente mais grasso do que outros de maior número de páginas, mas edição mais inferior.
Como eu disse antes este livro me instigou a voltar a buscar e cultivar uma espiritualidade, durante esta leitura eu tive esperança de como poderia seguir a minha vida de modo correto, crescendo pessoalmente e poder ajudar o meu próximo e lutando para melhorar o mundo. Uma leitura muito boa tanto para teístas, quanto ateístas e agnósticos. Uma leitura muito boa para abrir e expandir a mente, em mim o fez. Estou apaixonado pela escrita de Philip Pullman, estou muito ansioso para ler suas outras obras, a próxima que está nos meus planos é A Bússola de Ouro.

Aos Skoobers Interessados: Livro no Skoob e na minha Estante.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Alice No Pais Das Maravilhas

Título Original: Alice's Adventures in Wonderland
Editora: Martin Claret
Gênero: Fantasia, Infantil.
Ano de lançamento: 1865
Nº de páginas: 152
ISBN: 9788535917628

Leitura concluída em: 08 de Fevereiro de 2012.
Avaliação: 10 Estrelas (Obra de Arte)

Minha Crônica: E finalmente eu li Alice no País das Maravilhas. Um livro maravilhoso, uma verdadeira Obra de Arte, um livro de absurdos absurdamente absurdos, e que eu levei dois anos para finalmente conseguir ler. Quase a minha vida toda eu ouvi falar de Alice, o livro e suas adaptações, mas até o lançamento do decepcionante filme do Tim Burton eu não fazia ideia de que seu autor fosse Lewis Carroll,  eu acreditava que era uma obra dos irmãos Grimm. Foi exatamente nesta época em que me surgiu pela primeira vez o desejo de absorvê-lo, de assimilá-lo, só que na época só encontrei versões infantis adaptadas, e a maioria era com base na péssima versão Disney de 1951, por isso adiei esta aquisição. Dia 12 de Janeiro deste ano, assisti “Inquietos” de Gus Van Sant, e durante a sessão desse filme ressurgiu este desejo de leitura, não apenas pela protagonista ser a mesma Alice do Tim Burton, eu senti de modo inexplicável que encontraria uma relação entre os protagonistas e os “absurdos” da estória. E assim reiniciei a minha busca pelo livro até encontrá-lo.
Tem uma coisa que me enche de orgulho neste livro, ele foi o primeiro que eu consegui ler inteiro em apenas 01 dia, isso me deixou muito contente. Do mesmo modo que com Drácula as expectativas estavam grandemente altas e as especulações quanto a estória ainda maiores, não sabia o que encontraria nelas, nestes dois grandes clássicos, então minha mente levou-me a todo tipo de conjecturas e elucubrações, e nenhuma delas correspondeu ao que encontrei,ainda bem que não, ambos se superaram e me devastaram em muito mais daquilo que eu fui ou seria capaz de esperar. Mas está crônica é muito precoce, há estou escrevendo com algum atraso, mas ainda sim muito cedo, mesmo que eu relesse o livro todo dia durante um ano inteiro seria muito cedo para falar adequadamente dele. Na verdade mesmo apaixonado pela obra o volume de coisas que não entendi superou em muito as que eu entendi, mas não as da que especulo.
Como eu disse na crônica anterior, Reencontro deu norte para a minha vida e Alice me deixou pensando que até uma vida de absurdos é melhor do que nenhuma vida. Alice está enfiada em seu mundinho quando viu algo “absurdo”, mas tudo lhe pareceu muito natural, pois este é o natural da vida, que ao longo do seu curso estejamos em contato com Absurdos, Contingências e ausências de significado. Ao entrar pela toca do Coelho Alice entra num estranho país de Maravilhas, mas ora bolas, quase tudo que nos é diferente é estranho, quase tudo o que ela vai conhecendo ao longo de seu caminho ela acha ser um absurdo sem sentido, mas é claro, são raras são as situações em que pensamentos diferentes se entendem. A corrida é maluca e não poderia ser diferente, pois a corrida da vida não faz sentido, ainda mais quando é uma constante fuga de nossa própria lagoa de lágrimas. Uma coisa da qual tenho um pouco de vergonha de admitir é que o Gato de Cheshire (o sorridente) me deu um pouco de medo, mas este gato em muito me lembrou do Catbus do “Tonari no Totoro” (um dos meus filmes favoritos) do Hayao Miyazaki, mas os dois provocaram estranhas sensações dentro de mim. Não sei o que comentar quanto a Duquesa e seu “bebê porco“, nem do campo de croque da Rainha e ela em si, mas adorei o Rei (muito diferente de tudo quanto foi difundido sobre sua imagem), não estou bem certo quanto a Tartaruga Falsa e o Chapeleiro com a Lebre de Março e o esquilo, nem o pobre Bill. A Lagarta é formidável e ela junto do Grifo parece ser os únicos personagens sensatos em toda esta magnífica obra de Arte.
Fisicamente o livro não chega a ser ruim, com páginas brancas em simples papel off-set. Sua fonte é de tamanho médio e o espaçamento é simples, a diagramação ocupa o máximo possível da página para economizar papel. Mas positivamente o livro vem com as ilustrações ótimas da obra original. Esta minha edição foi da Martin Claret, ouço falarem muito mal dela, e honestamente eu entendo as acusações feitas, acontece que tanto este livro quanto Drácula eu li por esta editora, e ambos mudaram a minha vida.
Uma vez eu disse a uma amiga: Penso que se eu tivesse lido este livro em minha infância duvido muito que o tivesse entendido, no máximo teria conhecido a estória original. Será necessário reler este livro 1000 vezes, e não duvido ter uma compreensão diferente desta primeira em cada uma delas. Por hora eu afirmo: Esta é a minha estória de fantasia preferida. Este livro é o mais sem sentido que já li, mas também é o mais honesto, pois é justamente disto que se trata a vida: Uma aglomeração de acontecimentos que para nós não passam de contingências. Alice no País das Maravilhas é um livro fundamental para todo e qualquer coração sensível que estiver tentando encontrar na vida sentido para o mundo, si mesmo e para viver.

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