domingo, 22 de setembro de 2013

Nome Próprio

Ficha Técnica
Título Original: Nome Próprio.
Direção: Murilo Salles. Roteiro: Clarah Averbuck, Elena Soarez, Elena Soarez, Melanie Dimantas, Melanie Dimantas, Murilo Salles, Murilo Salles. Produtores: Hsu Chien Hsin.
Elenco: Alan Medina, Alex Disdier, David Cejkinski, Fábio Frood, Frank Borges, Gustavo Machado, Juliano Cazarré, Leandra Leal, Luciana Brites, Luciano Bortoluzzi, Martha Nowill, Milhem Cortaz, Munir Kanaan, Norival Rizzo, Paulo I Vasconcelos, Reginaldo Faidi, Ricardo V Garcia, Ricardo Galli, Rosanne Mulholland
Países de Origem: Brasil. Estréia: 2008.

Sinopse
Camila (Leandra Leal) tem a escrita como sua grande paixão. Intensa e corajosa, ela busca criar para si uma existência complexa o suficiente para que possa escrever sobre ela. Ela escreve compulsivamente em um blog, só que isto faz com que também fique isolada.

Assistido em: 22 de Setembro de 2013.
Avaliação: 06 Estrelas (Bom)

Minha Crônica
Foi muito fácil me identificar logo de cara com a protagonista. Para ser mais honesto eu até tentei não me identificar, mas isso foi muito difícil. Da vocação para a Arte de Escrever, passando pelas dificuldades relacionais, chegando aos processos de autossabotagem, e indo até a completa entrega em suas compulsões, era como se tivesse um espelho na minha frente.
Para quem já assistiu pode perceber que nesse filme é um pouco difícil de encontrar qualidades que vão além do trabalho magnífico de Leandra Leal. O roteiro vem com uma estória muito interessante, mas que nunca se desenvolve de modo que me instigue como cinéfilo, ou escritor, ou pensador. Ele chega a ser cansativo pela sua duração visto que é muito lento em se mostrar ao expectador no que ele pretende fazer. Às vezes me parece que ele não tem um propósito definido, mas que tenta se direcionar no seu desenrolar, mas em quase todos os rumos tomados ele sai por algum desvio. A produção do filme em muitos momentos parece amadora e mostra-se cheia de falhas, mas esteticamente isso me agradou bastante, me passou uma sensação aconchegante de filme independente e caseiro, e nisso consigo-me sentir incentivado em pensar em produzir cinema.
Fora a protagonista foi impossível me importar ou me agarrar em qualquer das personagens, todos pareciam peças descartáveis postas de maneira periférica no filme para ilustrarem algum aspecto de caráter moral ou psicológico da protagonista. Ainda não sei a que ela veio.
Próximo da metade do filme eu comecei a me perguntar qual era o propósito da protagonista. Nela eu vi alguém com uma forte vocação para escrever, mas é frustrada nisso (como muitas e muitas pessoas, diga-se de passagem) e em função disso desconta tudo de modo virtual em seu blog, e nisso sou muito parecido com ela. Nela eu vi alguém muito dependente de estar num relacionamento amoroso e sexual. Mas também alguém com muitas dificuldades relacionais, isso torna todos os seus relacionamentos, mesmo os não amorosos, bastante instáveis, e às vezes parece que sabota a si mesma e suas relações, pois em função das dores de seus rompimentos é que ela tem mais força para escrever. Nela eu vi alguém que não tem estabilidade de vida, exatamente como eu, mas para ela isso parece sempre ser secundário, mesmo afetando diretamente sua vida. Nela eu vi alguém que tem muitas compulsões, e não vê o menor problema em usufruir delas para ter o seu prazer, seu relaxamento, e sua fuga da dor, ainda que nisso ele passe por cima dos sentimentos de quem quer que esteja no seu caminho. Nisso eu não só me achei parecido com ela, como me lembrei da maioria das pessoas que eu conheço e conheci ao longo da vida, me senti triste por mim, por ela, e por todas elas.
Não faço a menor ideia se algum dia eu vou rever esse filme, mas por hora o tempo gasto, nem que tenha sido (e não foi) só para passar o tempo foi muito bem aproveitado, apesar de todos os percalços do caminho. Mas ainda tenho a sensação de que em outro memento ele pode me acrescentar mais do que dessa vez.