Eu estava em um fim de tarde de
uma quinta-feira que estava sendo um dia horrível e que na minha cabeça só tinha perspectivas
de piorar. Em tão grade confusão que se encontrava minha mente e que produzia
estado de estremo horror em mim, surgiu-me o desejo de ver um filme. Mas não um
filme qualquer, ou um filme inédito que só poderia aumentar o fardo (já muito
pesado) que eu mesmo me impus que me roubava o prazer das coisas mais
satisfatórias. Porém não serviria qualquer filme, eu queria um filme bom, e
então escolhi rever Meu Vizinho Totoro (este eu vi pela primeira vez há pouco mais
de um ano), um dos meus filmes preferidos, talvez um dos meus Dez melhores.
Citando Aslan por um instante digo "Nada acontece duas vezes do mesmo
modo", e provou-se muito verdadeiro, este filme nunca tinha me emociona do
jeito dessa tarde. Eu estava fragilizado pela estupidez do estilo de vida
egoísta e eremita que eu próprio tinha escolhido, e de repente vendo estas
crianças que em sua inocência as levavam e não as interrompiam de viver, me
senti totalmente vazio por dentro. Eu sequer consegui controlar o pranto
emocionado que escorria de meus olhos. Eu tenho vergonha da vida por mim vivida
hoje, há pessoas que mesmo em detrimento das piores circunstancias que são
possíveis não desistiram de viver, porém apegado ao meu sofrimento pessoal como
se ele fosse o meu Deus, me mantenho apenas sobrevivendo esperando algo que nem
mesmo sei ou saberei conceituar. Vendo as duas meninas, eu tive certeza de que
não é bom estar só, é preciso me colocar ao mundo, onde as possibilidades estão
abertas e a vida acontece. Eu olho a inocência dessas duas crianças com uma dor
enorme por já ter perdido a minha. As meninas ao verem o sofrimento da mãe se
esforçam para tentar algo, e eu fico (por escolha minha) cego a dor alheia, e
ainda digo que quero curar as mazelas do mundo. Tenho medo de viver, mas não
tenho coragem de me matar. Como todas as vezes que eu termino de assistir este
filme eu fiquei com um sorriso enorme nos lábios pela grande alegria que em mim
foi gerada, mas as lágrimas não foram unicamente de emoção a flor da pele,
foram também pelas reflexões feitas, e muitas delas dolorosas. Apesar das
reflexões que fiz a esperança não se manifesta muito presente em meu ser, o
pessimismo é muito mais forte, e como diria Neruda "Não sou pessimista, o
mundo que é péssimo". Uma conclusão eu posso afirmar com alguma certeza:
Eu quero trazer à memória aquilo que me traz esperança.
11 de Abril de 2013.
O Filho Perdido
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